A Chamada Pública “ReIntegrar com equidade de raça e gênero para egressos do sistema carcerário” surgiu com o objetivo de mapear, catalogar e valorizar projetos e estudos que objetivem vida digna para pessoas que cumpriram pena no sistema carcerário por meio do trabalho, a partir da perspectiva de equidade racial e de gênero.
Realizada pelo CEERT, a iniciativa recebeu 470 inscrições das cinco regiões do Brasil. Foram selecionados três projetos (R$ 30 mil para cada) e cinco estudos (R$ 10 mil para cada), totalizando o investimento de R$140.0000,00 (cento e quarenta mil reais).
Conversamos com os oito selecionados a respeito de seus estudos e projetos. Publicaremos um depoimento por semana nesta série especial. Confira o quarto relato, de Isa Mara Silva da Costa, de Belém (PA), pedagoga e autora do estudo Contribuições da Educação Realizada pela SEAP e a Fábrica Esperança na Emancipação e Ressocialização de Mulheres Egressas do Sistema Prisional no Pará.
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Depoimento de Isa Mara Silva da Costa:
“Desde o início da minha graduação, pretendia falar sobre mulheres. Em um evento organizado pelo Centro Acadêmico de Pedagogia (CAPE), houve uma mesa sobre pedagogia em ambientes não-escolares. Uma das convidadas, atualmente minha orientadora, falou sobre o cárcere. A partir disso tive mais interesse no assunto.
O estudo é uma monografia, como Trabalho de Conclusão de Curso (TCC), de Licenciatura em Pedagogia. Reflete a situação de mulheres em privação de liberdade e o papel da educação como possibilidade de emancipação, diminuição da pena e ressocialização das internas e egressas ao convívio social.
Com isso, o estudo foca nos princípios da pedagogia social no cárcere como direito humano e base da ressocialização de egressas do sistema penitenciário. Tem como objetivo analisar a influência da educação desenvolvida no cárcere e, posteriormente, no programa Fábrica Esperança, desenvolvido em parceria com a Secretaria Especial de Assuntos Penitenciários do Pará, para a emancipação e ressocialização de mulheres egressas do sistema prisional no Pará.
Durante minhas pesquisas, pude observar melhor quem eram as presas do sistema carcerário e o meio social. A partir disso comecei a entender melhor o sistema social como um todo e o impacto do machismo. Um dos capítulos traz justamente as problemáticas das mulheres egressas, sendo duplamente culpabilizadas por serem mulheres, como diz Elizangela Cunha, em “Ressocialização: o desafio da educação no sistema prisional feminino”, publicado em 2010.
Acredito que o ReIntegrar dará mais visibilidade ao meu estudo, inspirando mais pessoas a estudarem e debaterem sobre essa temática. Ainda não sei realmente o que fazer com o Prêmio, mas pretendo investir ainda mais em formação.
Meu sonho é que todos possam se transformar pela educação e também pela profissão, ganhando novas perspectivas e que a reintegração possibilite novas oportunidades.”
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Fonte: CEERT
Categoria: Direitos Humanos