Eleição histórica da primeira mulher negra como vice-presidente da Colômbia

Francia Márquez é a primeira mulher negra na vice-presidência da vizinha Colômbia, pela chapa Pacto Histórico, formada pelo presidente eleito no domingo, 19, Gustavo Petro. “Obrigada, Colômbia. Essa luta não começou conosco, começou com nossos ancestrais”, disse Márquez em suas redes sociais após a vitória no domingo. 

Assista ao discurso aqui:

Francia Márquez recebeu o apoio da Coalizão Negra por Direitos, da qual o CEERT faz parte, que organizou uma comitiva em março até Bogotá, capital do país, e vem pautando a importância de maior presença na política de pessoas negras com histórico na luta antirracista. 

A advogada de 40 anos é uma liderança social e ativista ambiental e de direitos humanos. Mãe solo e de origem pobre nascida na região do Caribe Colombiano, Francia Márquez foi trabalhadora doméstica e, ainda adolescente, trabalhou no garimpo, onde iniciou sua luta contra a mineiração ilegal. Em 2019 foi eleita como uma das 100 mulheres mais influentes do mundo pela BBC. 

Com esta eleição, a Colômbia terá um governo de esquerda pela primeira vez em sua história. No discurso de vitória, o presidente eleito Gustavo Petro prometeu “paz, respeito e diálogo para construir um grande acordo nacional para governar para todos.” 

“Sou parte de um processo, de uma história de luta e resistência que começou com meus ancestrais trazidos como escravos. Faço parte da luta contra o racismo estrutural, faço parte daqueles que lutam para continuar fazendo nascer a liberdade e a justiça. Das que guardam a esperança de uma vida melhor, das mulheres que usam o amor materno para cuidar de seu território como espaço de vida, das que levantam a voz para impedir a destruição de rios e florestas” afirma em seu site.  

Segundo Daniel Bento Teixeira, diretor executivo do CEERT, a vitória representa um marco não só para a Colômbia, mas para todo o campo progressista.  “Uma mulher negra na vice-presidência da Colômbia, com o histórico de vida que possui Francia Márquez é muito relevante para a luta antirracista, pois fortalece uma concepção de justiça social que para além da dimensão material, de redistribuição de recursos, avança para o necessário reconhecimento da contribuição civilizatória de populações historicamente oprimidas, como é o caso da população negra nas Américas, a partir de um lugar de importante protagonismo político”, afirma Teixeira.