CEERT realiza lives e uma campanha de comunicação, a partir do mote do ano “Mulheres Negras no Poder, construindo o Bem Viver!”.
Mulher do fim do mundo
Eu sou, eu vou até o fim cantar
Cantar, eu quero cantar até o fim
Me deixem cantar até o fim”
Entre tantas músicas de Elza Soares que ressoam nas vozes das mulheres negras está Mulher do Fim do Mundo. Mulheres que cantam e lutam, em uma única voz de resistência. É nesse sentido de união que chegamos ao Julho das Pretas, com a celebração do Dia Internacional da Mulher Negra Latino Americana e Caribenha e o Dia Nacional de Tereza de Benguela e da Mulher Negra, em 25 de julho.
Neste ano de 2022, são comemorados os 30 anos do encontro que instituiu o 25 de Julho como o Dia Internacional da Mulher Afro Latina e Caribenha. É também ano de eleições no Brasil e é nesse contexto que o mote da 10a edição do Julho das Pretas é “Mulheres Negras no Poder, construindo o Bem Viver!”.
O CEERT se junta a outras organizações negras para celebrar a 10ª edição do Julho das Pretas no Brasil.
O mote nacional deste #julhodaspretas é "Mulheres Negras no Poder, Construindo o Bem Viver!". Assim, o CEERT vai promover, em parceria com a AMNB - Articulação de Mulheres Negras Brasileiras, uma série de atividades e mobilizações tendo como tema central a defesa da presença de mulheres negras nos espaços de decisão.
Conversamos com Giselle dos Anjos Santos, pesquisadora do CEERT, a respeito das principais ações do mês. Ela é doutoranda em História Social, ativista e especialista em Interseccionalidades de Gênero e Raça. Confira a entrevista:
Qual é a importância do Julho das Pretas?
Giselle dos Anjos: A agenda deste ano é super especial, pois iremos comemorar os 30 anos do 1º Encontro de Mulheres Negras da América Latina e do Caribe, que ocorreu na República Dominicana, em 1992 – instituindo a data do 25 de Julho. Além disso, em 2022 é marcada a 10ª edição do Julho das Pretas no Brasil, tendo como mote o tema das “Mulheres Negras no Poder, Construindo o Bem Viver!”. Estamos em um contexto estratégico para esta discussão, tanto por ser um ano eleitoral extremamente relevante, como por termos o desafio de ampliar a presença negra na política institucional.
Quais serão as ações do CEERT para 2022?
Giselle dos Anjos: O CEERT se junta às outras organizações de mulheres negras do país, para enfocar na discussão sobre “Mulheres Negras no Poder”. Teremos duas lives, a primeira no dia 20 de julho, sobre “Desafios do cenário eleitoral: Como garantir mais mulheres negras na política”, com a participação de Valdecir Nascimento (AMNB), Fabiana Pinto (Instituto Marielle Franco), e Tauá Pires (OXFAM-Brasil).
Já a segunda, do dia 27 de julho, tem o título “As mulheres negras têm um projeto político para mudar o Brasil” para a qual teremos como convidadas pré-candidatas das cinco regiões do país: Erica Malunguinho – SP (sudeste), Vilma Reis – BA (nordeste), Reginete Bispo – RS (sul), Lucilene Kalunga – GO (centro-oeste), Vivi Reis – PA (norte). Eu estarei na mediação e a Cida Bento estará como debatedora.
Além disso, vamos lançar uma campanha de comunicação com vídeos das mulheres negras colaboradoras do CEERT respondendo à questão “Por que é importante ter mulheres negras no poder?” Afinal, mais do que representatividade, a nossa ocupação nos cargos eletivos tem o potencial de transformar a política com pautas efetivamente implicadas com a justiça social e a equidade, beneficiando todas as pessoas, mas especialmente as mais vulneráveis. Pois, como disse Angela Davis, “Quando a mulher negra se movimenta, toda a estrutura da sociedade se movimenta com ela.”
Quais são os principais temas atuais a serem abordados?
Giselle dos Anjos: Este 2022 não é um simples ano eleitoral. Estamos num momento ímpar da nossa história enquanto nação, onde precisamos defender a democracia e colaborar para eleger mais mulheres negras na política institucional.
Nós, mulheres negras, colaboramos em todos os processos de transformação da sociedade brasileira, bem como fazemos parte dos movimentos sociais e dos partidos políticos. Porém, na maioria das vezes, nossa atuação foi subalternizada e invisibilizada. Precisamos seguir pressionando para a mudança deste cenário, para garantir a visibilidade das nossas vozes e das nossas pautas de luta.
A participação na política institucional não é a única forma de mudança social, pelo contrário. Mas não podemos ignorar o seu papel estratégico.
O cenário político atual não representa a cara do povo brasileiro. Nós, mulheres negras, representamos o maior grupo demográfico do país, mais de 28% (IBGE), e ocupamos menos de 2% de cadeiras no Congresso Nacional. Urge transformar essa realidade, para haver uma política realmente implicada com as questões do nosso povo.
Qual é a expectativa para as ações do CEERT e parceiros?
Giselle dos Anjos: Nosso objetivo é contribuir com o debate público sobre a defesa da democracia, a garantia de pluralidade na política, além da promoção da equidade racial e de gênero, que faz parte da missão do CEERT.
O processo recente que estamos assistindo, de maior visibilidade das pautas das mulheres negras, é uma das consequências da Marcha das Mulheres Negras 2015 - Contra o Racismo, a Violência e pelo Bem Viver, que foi construída pelas diversas organizações de mulheres negras, incluindo o CEERT.
Estamos vivendo os legados deste processo e não podemos retroceder. Não daremos nenhum passo atrás, pelo contrário, nós mulheres negras seguimos em marcha, pela construção de um novo pacto civilizatório, pautado pelo bem viver.
Acompanhe a programação nos canais do CEERT.
Fonte: CEERT
Categoria: Participação popular