Prêmio Educar 2022 recebeu mais de 700 inscrições

Autor: Bruna Ribeiro Data da postagem: 16:35 14/07/2022 Visualizacões: 222
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Resultado Prêmio Educar/Crédito: Equipe de Arte CEERT

 Encerradas em 31 de maio, as inscrições da 8ª edição do Prêmio Educar com Equidade Racial e de Gênero: experiências de gestão e práticas pedagógicas antirracistas em ambiente escolar registraram números recordes. Foram 700 inscrições, das cinco regiões do país.

A maioria dos proponentes se autodeclarou negro (pretos e pardos) e mulher. O processo de seleção tem continuidade com especialistas da educação antirracista.

Acompanhe pelo site para acessar informações atualizadas [link hotsite Prêmio Educar].

A iniciativa busca identificar e valorizar práticas pedagógicas exemplares de professoras/es e gestoras/es da educação básica, com o propósito de construção da equidade racial e de gênero. 

O Prêmio tem duas categorias: Professor e Escola. A categoria Professor é dividida em duas modalidades: práticas pedagógicas executadas, realizadas entre 2019 e 2021, e projetos de práticas pedagógicas ainda não executadas. Já a categoria Escola conta com a modalidade Gestão com Equidade e Antirracista (GEA). O processo de triagem técnica e qualitativa resultou em 28 projetos na categoria Escola. Já na categoria Professor, foram 137 práticas pedagógicas executadas e 68 projetos futuros de práticas pedagógicas. Cerca de 67% são da região sudeste, 14% do nordeste, 11% da região sul, 4% do centro-oeste e 4% da região norte. 

 

Experiências de outras edições

A professora Josiane Climaco, doutora e mestra em Educação, participou da 7a edição do Prêmio Educar, em 2015. O projeto da professora levou o primeiro lugar na categoria Educação Quilombola, com o projeto Educação Física e a Lei 10.639, instigando a gestão da Escola Estadual Marcílio Dias, em Salvador (BA), a construir um currículo antirracista de acordo com as especificidades da comunidade escolar. 

Josiane Climaco, Professora

 

“A escola é composta por 95% de alunos negros, mas tinha um currículo eurocêntrico, que não respeitava as especificidades de uma comunidade do subúrbio ferroviário de Salvador, recebendo estudantes do território quilombola da Ilha de Maré e da própria São Tomé de Paripe, bairro onde existem quilombos urbanos”, explica a professora. Segundo ela, o prêmio deu visibilidade ao mestrado que desenvolvia na época, inserindo-a em espaços coletivos que trabalhavam com educação antirracista. 

 

 

 “Eu acompanho o trabalho do CEERT como uma experiência incrível de dar visibilidade a uma prática antirracista, principalmente na área da educação fisica, da corporeidade e do desenvolvimento humano. Muitas vezes essa área não é valorizada no currículo escolar, mas a educação física, assim como as outras áreas de conhecimento, contribui para o desenvolvimento humano. A partir da nossa linguagem corporal, das diversas práticas corporais, podemos estudar e fazer com que as crianças e os jovens possam ter elevação do padrão cultural e teórico por meio de conhecimentos filosóficos, esportivos e culturais das suas manifestações territoriais”, explica.

Wilson Queiroz também participou da mesma edição do Prêmio Educar em 2015, e ficou em quinto lugar na categoria Professor com o projeto Informafricativo, uma publicação escolar que foi idealizada e organizada junto a EMEFEJA Oziel Alves Pereira, localizada numa das maiores ocupações da América Latina, na cidade de Campinas. Com circulação online e impressa, a publicação disponibiliza conteúdos antirracistas para trabalho com estudantes da escola.  

 

 

“Todo reconhecimento externo e competente recebido de instituições e organizações como o CEERT ajuda a superar o isolamento a que inevitavelmente o racismo institucionalizado pode nos impor e que vamos ao longo do tempo denunciando e construindo estratégias, garantindo, um dia de cada vez, a sobrevivência e ampliação das ações. Mas o Prêmio tem sobretudo o aspecto da construção de novas relações com o conhecimento e saberes trabalhados na escola e a forma que se apresenta a cultura africana e afro-brasileira e o enfrentamento ao racismo, principalmente com o envolvimento dos estudantes da escola e sua comunidade”, disse.

 

Ainda segundo Queiroz, o Prêmio valoriza, reconhece e principalmente apresenta uma perspectiva ampla de como e com quem caminhar e construir um processo a curto, médio e longo prazo para enfrentamento do racismo e implementação de uma educação com a presença da população negra humanizada. O professor compartilhou um texto em que uma estudante, adolescente negra de 14 anos, descreve o impacto positivo do projeto em sua vida. (...) “Aprendi que minha cor é bonita, a textura do meu cabelo é maravilhosa e me amo do jeito que sou e nada nem ninguém pode me dizer o contrário porque eu finalmente me aceitei” afirma a jovem no trecho final.  

 

Como surgiu

O Prêmio Educar foi criado em 2002, de forma pioneira, a partir de debates promovidos no Centro de Estudos das Relações de Trabalho e Desigualdades (CEERT) desde o ano 2000, em parceria com diversos atores do movimento negro e da área da educação.

De acordo com o geógrafo e educador Billy Malach, o projeto surgiu antes mesmo da implementação das Leis 10.639/2003 e 11.645/2008, que alteram a LDB 9.394/96 para incluir a obrigatoriedade do ensino de História e Cultura africana, afro-brasileira e indígena, nas escolas de todo o país. 

 

Premiação

Na Categoria Professor, em ambas as modalidades, cada uma das oito propostas eleitas na etapa final do processo de seleção levará o prêmio de 7 mil reais, além de um kit de livros na temática da equidade racial de gênero na educação básica e a participação em curso virtual de formação continuada na temática da equidade racial de gênero na educação básica.

Na categoria Gestão de Escola, cada uma das oito propostas eleitas na etapa final do processo de seleção receberá equipamentos para a escola, elegíveis numa listagem fornecida pelo CEERT, dentro do valor de 10 mil reais, além de um kit de livros na temática da equidade racial de gênero na educação básica e a participação em curso virtual de formação continuada na temática da equidade racial de gênero na educação básica.





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