A experiência dos movimentos sociais e das administrações públicas tem ensinado, a cada dia, que elaborar e desenvolver políticas sob a ótica de gênero e raça é um trabalho árduo e necessário. Ainda que com pouco tempo de implementação, temos no país diversas experiências que demonstram ser possível realizar ações importantes que avancem na construção de uma política local, com o olhar voltado à igualdade entre mulheres e homens, negros e brancos, partindo do tratamento destes como cidadãs e cidadãos, como sujeitos políticos.
Esta publicação é resultado do esforço de diversas instituições. O trabalho construiu-se em torno de uma questão central: a abordagem de gênero e raça deve ser incluída nas políticas públicas para áreas urbanas? Dessa forma, foi feito um esforço de comparação entre políticas que incorporam a questão de gênero e aquelas que não o fazem. Além disso, os textos procuram examinar em que medida a incorporação dessas questões proporciona um melhor entendimento das necessidades da população.
Os textos enfocam especificamente alguns projetos sociais em Santo André-SP: o Banco do Povo, o Programa de Rendo Mínima, o Programa de Modernização Administrativa e o Orçamento Participativo. Neles, foram enfocadas as relações entre as questões econômicas e sociais nas políticas públicas, e os usos da categoria gênero e raça. Foi constatado um baixo grau de incorporação das questões de gênero e de suas relações com classe e raça.
Assim, fica evidente que a não consideração da participação efetiva das mulheres e dos negros nos processos de elaboração, execução e avaliação das políticas deixa de lado importantes conhecimentos acumulados a partir de aprendizados que envolvem o cotidiano e apreensões teóricas e políticas.