Oportunizar um diálogo entre Porto Alegre e Maciene, Moçambique, utilizando diferentes mídias e sistemas simbólicos, buscando uma manifestação étnico-cultural-racial positiva por parte dos alunos, dando acesso a informações e idéias que contribuam, valorizem e sejam motivos de orgulho dessas diferenças.
A base teórica da concepção do plano de trabalho é a proposta de projetos de ensino, de acordo com Fernando Hernández, complementada com a Proposta Triangular que prevê o estudo da história da arte, a leitura de imagens e o fazer artístico, com o estabelecimento de um ambiente de diálogo, valorizando as relações e a compreensão emocional e intelectual. Ao longo do processo, foram utilizadas técnicas como desenho de observação, composição de cores, estudo de linha, plano e composição, confecção de carimbos e estamparia em tecido.
O projeto é parte integrante de uma proposta de ensino de três anos para o estudo da arte, desde a pré-história até a atualidade, em diversos povos e lugares. Nessa proposta, a base do trabalho é a pesquisa em livros erevistas, leitura de textos e imagens e o registro continuo das informações, sendo que cada aluno montou uma espécie de diário. No estudo da contribuição dos povos africanos, contou-se com o apoio de Maria Rita Webster, que participava de um projeto em Maciene, Moçambique. Por meio dela, os alunos conheceram as capulanas. Cada aluno concebeu e criou a sua própria capulana, com a impressão de temas africanos. Foram utilizados carimbos de EVA e madeira, confeccionados pelos alunos. As capulanas foram apresentadas no 5º Seminário Nacional de Arte Têxtil e possibilitaram um encontro das famílias dos alunos, registradas em uma exposição fotográfi ca.
Cada aluno construiu um diário com seus textos e anotações, projetos de trabalho e desenhos, e estampou uma capulana. Acredito que hoje os meus alunos têm mais consciência de sua cultura e melhoraram suas relações, existindo mais respeito sobre as diferenças culturais e étnicas e, posso dizer, mais orgulho de suas origens. A participação dos familiares dos alunos ampliou o alcance do projeto na comunidade escolar. Esse projeto não existiria sem as parcerias.
Célia Maria Von Mengden Meirelles